quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Já dizia um adágio popular: “Quem casa quer casa”


Depois de tantos anos naquela enrolação de casa e não casa, Felisberto e Joaninha decidiram, finalmente, juntar os sobrenomes e anelarem os dedos. O problema foi que, ao longo daqueles nove anos de relacionamento, Joaninha ainda não tinha se dado ao luxo de conhecer a sua futura família e a casa onde moraria depois de passar pelo cartório e pela igreja.
Bem, até que a casa não era de se jogar fora! Não era de se considerar um conforto, mas não tinha mais que as portas, o telhado, um fogão de alvenaria e uma pia de louça na parte externa que dava para o sol. A dormida? Acertou! Ela tinha levado a rede que ganhara de presente da madrinha de fogueira no dia de seu noivado há quatro anos. Foi ai que Joaninha começou a entender o porquê da demora do noivo com o casamento. Ele sempre mentira para ela. Nunca revelara à noiva sua real situação de inquilino duma fazenda. Para a futura esposa ele sempre dizia que era dono de terras e que estava preparando uma construção nova para dar conforto aos dez filhos que teriam. Falava como se fosse de brincadeira e ela acreditava como se fosse de verdade e ria de feliz.
Pertencente a uma família conservadora, Joaninha não tinha outra alternativa a não ser aceitar a nova vida. Voltar à casa dos pais? Nem pensar! Até porque seu pai não a aceitaria de volta. Então fugir, ir embora poderia ser a saída, mas... pra onde? Era melhor a pobre jovem mulher procurar uma forma de adaptação a nova vida.
Felisberto começou a sentir na pele o peso do casamento. Por vários dias ao chegar da roça encontrava Joaninha a enxugar as lágrimas por trás de uma porta ou quando não, fingia espirrar com alergia do pó da casa enquanto acalmava aqueles olhos vermelhos. Era óbvio que precisava de uma saída. Para tanto Felisberto acabou tomando uma decisão. Comprar na venda do seu Romão e não pagar já era até normal, mas por contas pequenas ninguém fazia muito caso. O problema é que, desta vez, ele ultrapassou os limites da razoabilidade. No final de uma tarde encostou um caminhão da loja de móveis da vila trazendo toda a mobília da casa de Joaninha. Isso mesmo que você entendeu; tudo fiado! O credito? Pois é. Na longa conversa que Felisberto teve com seu Genésio, dono da movelaria, ele viu que daria para pagar cinquenta horas de mão de obra por semana e reaver toda a dívida em pouco mais de um ano.
Na emoção do momento tudo foi um céu. Passou-se a primeira semana, a segunda, de repente um mês, um mês e meio. Ao perceber o golpe que havia levado, seu Genésio decidiu enviar seus homens à casa de Felisberto para recolher tudo. Foi assustador. Joaninha ainda não sabia o quanto estavam famosos, mas descobrira que eram o centro da atenção quando abriu a porta e se deparou com os homens do seu Genésio chamando por ele. Juntamente com eles um representante da loja de estofados e colchões que vendia no crediário, um cobrador da parte do mercantil do seu Romão e uma distinta senhora vendedora de roupas e produtos de perfumaria que reivindicavam o recebimento de seus haveres.
Joaninha fechou a porta atrás de si e perguntou para Felisberto: o que é isso? E agora, o que vai fazer? Por que não me falou nada? Mas quando ela tentou falar com o marido ele já saltara pela janela dos fundos gritando: Jô! Talvez eu volte! Não fiz isso de propósito, eu te amo... eu juro! Joaninha tentou dizer: volte aqui Beto, aonde pensa que vai? O que digo a esse povo? Mas foi tarde. Felisberto já tinha planejado a sua fuga, só não faria isso deixando Joaninha sem o conforto que prometera.
Quando Felisberto deixou a residência, o tumulto já se instalara. Vinham cobradores e baderneiros de onde menos se pensava. Alguém lá fora controlava a multidão para que tudo ficasse bem, mas o murmúrio era uma só: você pagará pelo que deve infelisberto! Teria sido muito triste para aquele pobre homem, caso tivesse ficado naquele ambiente em que todos estavam reivindicado dele uma quantia que ela nunca disporia. Depois do vexame vivido por Joaninha ela decidiu que não quer se casar novamente.

                                                                                                                      Marcos Cavalcante (2018)


AGORA RESOLVA AS ATIVIDADES SOBRE VERBOS, ARTIGOS E NUMERAIS A PARTIR DO TEXTO ACIMA:
01- (MC-2018) “Ela tinha levado a rede que ganhara de presente da madrinha de fogueira no dia de seu noivado há quatro anos”.
Sobre os verbos destacados no trecho acima, analise as assertivas a seguir.
I – “tinha levado” é uma locução verbal, pois apresenta o verbo ter flexionado e o particípio do verbo levar;
II – “ganhara” é um pretérito mais-que-perfeito, pois trata-se de um passado anterior a outro, também perfeito;
III – “tinha levado” exerce a mesma função verbal de “levou”, uma vez que trata-se de um passado perfeito;
IV – “ganhara” poderia ser substituído por “havia ganhado” sem nenhum prejuízo no sentido.

a) apenas I é verdadeiro
b) todas as alternativas são verdadeiras
c) apenas II e III são verdadeiros
d) I, II, e III são verdadeiros
e) apenas IV é verdadeiro

02 – (MC-2018)
“...Joaninha fechou a porta atrás de si e perguntou para Felisberto: o que é isso?”
“...Teria sido muito triste para aquele pobre homem, caso tivesse ficado naquele ambiente em que todos estavam reivindicado dele uma quantia que ela nunca disporia”.
“...volte aqui Beto, aonde pensa que vai?”

Nos três trechos acima os verbos destacados apresentam-se respectivamente nos modos:
a) indicativo, imperativo, subjuntivo;
b) imperativo, subjuntivo, indicativo;
c) subjuntivo, imperativo, indicativo
d) indicativo, subjuntivo, imperativo;
e) subjuntivo, indicativo, imperativo.

03 – (MC-2018)
...Vinham cobradores e baderneiros de onde menos se pensava. Alguém lá fora controlava a multidão...
...você pagará pelo que deve infelisberto!
...Teria sido muito triste para aquele pobre homem, caso tivesse ficado naquele ambiente

Os verbos destacados nos três excertos acima estão conjugados nos seguintes tempos verbais respectivamente:
a) futuro mais-que-perfeito, pretérito, presente;
b) pretérito perfeito, futuro e presente;
c) presente, passado e futuro;
d) pretérito imperfeito, futuro do presente e futuro do pretérito;
e) pretérito perfeito, futuro perfeito, presente perfeito.

04 – (MC-2018)
...Para a futura esposa ele sempre dizia que era dono de terras e que estava preparando uma construção nova
...Ao perceber o golpe que havia levado...
...Depois do vexame vivido por Joaninha ela decidiu que não quer se casar novamente.

Os três verbos destacados acima estão respectivamente em
a) gerúndio, particípio e infinitivo, pois terminam em –ndo, -ado, e –ar (1ª conjugação);
b) gerúndio, particípio e infinitivo, pois estão no futuro do presente, no presente e no pretérito perfeito;
c) infinitivo, gerúndio e particípio, pois se trata de verbos indicativos;
d) particípio, infinitivo e gerúndio, pois podem ser conjugados em qualquer tempo e modo;
e) no mesmo tempo verbal mudando apenas a forma,

05 – (MC-2018) 
1. Ele sempre mentira para ela. 
2. Ao perceber o golpe que havia levado 
3. Joaninha ainda não tinha se dado ao luxo

Sobre as frases acima, diga se é verdadeiro ou falso.
I – (   ) a primeira trata-se de uma voz ativa, já que o sujeito pratica a ação verbal;
II – (   ) não há vozes verbais nas frases, pois existem outras palavras em volta do verbo;
III – (   ) a segunda trata-se de uma voz passiva, pois o sujeito sofre uma ação verbal;
IV – (   ) a terceira trata-se de uma voz reflexiva, pois o sujeito praticaria uma ação contra si mesmo;
V – (   ) somente a primeira possui voz verbal, pois nela há um sujeito.

A sequência correta é:
a) F,F,F,F,F
b) V,V,V,V,V
c) V,F,V,V,F
d) F,F,V,F,F
e) V,V,F,V,V

06 - Assinale a alternativa em que o uso do artigo está substantivando uma palavra.
a) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana.
b) Leitor perspicaz  é  aquele que consegue ler as entrelinhas.
c) A navalha ia e vinha no couro esticado.
d) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.
e) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada.

07 - Assinale a alternativa em que há erro quanto a contração do artigo.
a) O anúncio foi publicado em O Estado São Paulo.        
b) Está na hora de os trabalhadores saírem.
c) Todas as pessoas receberam a notícia.                          
d) Avisei a Simone de que não haveria a reunião.
e) Não conhecia nenhum episódio dos Lusíadas.

08 - (MC-2018) “Passou-se a primeira semana, a segunda, de repente um mês, um mês e meio.”
As palavras destacadas na frase acima são respectivamente:
a) numerais cardinais, artigos e multiplicativos
b) numerais ordinais, cardinais e artigos
c) numerais ordinais (primeira, segunda), numerais cardinais (um, um) e fracionário (meio)
d) numerais fracionários, pois dividem o ano em meses
e) números romanos usados, para referir-se a números no Brasil.

09 – (MC-2018) Assinale a alternativa em que não há contração de artigo+preposição.
a) ele viu que daria para pagar cinquenta horas de mão de obra por semana
b) ganhara de presente da madrinha
c) real situação de inquilino duma fazenda.
d) para dar conforto aos dez filhos que teriam
e) Voltar à casa dos pais? Nem pensar!

10 - Leia os itens e assinale a alternativa correta:
I - O numeral cardinal indica a quantidade; o ordinal indica a sequência, a ordem.
II - Podemos usar os numerais “ambos” e “ambas” para indicar, respectivamente, dois, duas. Exemplo: Ambas as crianças estavam com febre. (Ou, As duas crianças estavam com febre).
III - Palavras como último, penúltimo, anterior, terciário, quinzenal, embora guardem ideia de número, são classificados como adjetivos.
IV - “Um” e “uma,” em qualquer contexto, são sempre numerais.  
a) Apenas I, II e IV estão corretos.
b) Apenas I, II e III estão corretos.
c) Apenas II, III e IV estão corretos.
d) Apenas I, III e IV estão corretos.
e) Nenhuma está correta  

GABARITO
1-B
2-D
3-D
4-A
5-C
6-A
7-E
8-C
9-A
10-B

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